Quando fugi de casa, deixando tudo
para trás só pra viver na rua a teu lado, sentada embaixo da marquise fria,
mendigando por moedinhas junto a ti, tu acertaste na loteria e mudaste para
alguma mansão classe A onde eu não mais poderia residir à teu lado. Me tornei
pequena, imunda e medíocre diante de toda a tua riqueza.
Quando destruí todos os meus muros
e barreiras, a fim de te deixar entrar em mim, me ler e me conhecer por
completo, tu disseste que gostava de mistérios, e me deixaste sozinha em meio
aos meus próprios escombros.
Quando tu foste navio, deixei meu
amor virar oceano para te acompanhar, te acolher. Tu disseste que minha
imensidão assustava-te, e que, qualquer dia destes minha profundidade te
engoliria. Tu, Titanic imponente vira-se destruído por mim, mar imenso e gélido
e nem foi preciso iceberg para te fazer afundar. Minha imensidão te engoliu.
Nunca serei do tamanho certo para
te acolher. Nunca sei ser proporcional a ti, pois nunca sei o que tu queres. Quando
me entrego inteira, tu esperas contensão. Não sei lidar com as tuas
poli-polaridades, mas ainda assim permaneço a teu lado. Correndo paralelamente.
Sem nunca conseguir encontrar-te. Linhas paralelas.
Uma ideia bonita para nós: dizem
por ai, que as linhas paralelas se encontram no infinito. E talvez eu possa
aguardar o infinito, desde que a imensidão deste fato não te assuste, e te faça
desistir antes de me encontrar.
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